A Paraíba tem 371,8 mil condutores apresentando alguma restrição visual para conduzir veículos. O dado, divulgado pela Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) e analizado pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), representa 38% do número total de motoristas com Carteira Nacional de Habilitação (CNH) no estado — o segundo maior número de restrições do país.
O número de brasileiros com restrições na CNH cresceu 77% durante 10 anos em todo o Brasil, mostrando a importância dos cuidados com a visão para evitar acidentes nas pistas e rodovias do país.
Na Paraíba, esse aumento ultrapassou a média nacional. Em 2014, eram 202.090 mil motoristas no estado que registravam a exigência de conduzir veículos obrigatoriamente com o uso de óculos ou lentes de grau, representando um crescimento de 84% em 2024.
O mapeamento divulgado pelo CBO indica que Rio Grande do Norte, Paraíba e Rio de Janeiro são os estados que apresentam, proporcionalmente, maior volume de CNHs com restrições em relação à população total de condutores. No Rio Grande do Norte, o número é de 390 mil (42% dos condutores), enquanto no Rio de Janeiro são 2,1 milhões (34%).
Lentes corretivas, visão monocular e motoristas impedidos de dirigir após o pôr-do-sol
O Conselho também analisou os tipos de anotações relacionadas à visão presentes nas CNHs dos motoristas brasileiros. Entre as mais frequentes, destacam-se a obrigatoriedade do uso de lentes corretivas, com cerca de 25 milhões de motoristas, seguida das restrições associadas à visão monocular, com 351 mil casos. Em terceiro lugar, com 152,1 mil casos, estão os condutores impedidos de dirigir após o pôr-do-sol.
Fatores como o envelhecimento da população, a exposição prolongada às telas de celulares e computadores, o aumento da incidência de doenças crônicas (diabetes, hipertensão, estresse) e os maus hábitos de vida (alimentação inadequada, sedentarismo, obesidade) contribuem para o surgimento de problemas de saúde relacionados à visão. Esses elementos enfatizam a importância da prevenção e do diagnóstico precoce de doenças oculares.
Atualmente, as restrições visuais respondem por 91% de todas as anotações aplicadas às 27,9 milhões de CNHs emitidas no Brasil. “Os dados mostram a relevância da saúde ocular para a população e reforçam a necessidade de prevenção e diagnóstico precoce de doenças como mecanismo para melhorar a qualidade de vida e a segurança das pessoas”, avalia Wilma Lélis, presidente do CBO.
Como é incluída a restrição de visão na CNH
Ainda conforme o CBO, o pedido de inclusão de anotações na CNH é feito pelo médico do tráfego ao final da avaliação prévia exigida para a concessão ou renovação da CNH.
Entre outras aptidões físicas, são analisadas a acuidade visual, o campo de visão, a capacidade do candidato de enxergar à noite e reagir prontamente – com resposta rápida e segura – ao ofuscamento provocado pelos faróis dos demais veículos; e a capacidade de reconhecer as luzes e sua posição dos semáforos.
Ao identificar a existência ou sintoma de deficiência de visão, o médico do tráfego orienta a busca por uma avaliação especializada, feita por um oftalmologista.